corpos-baldios
uma comunicação em dança que nasce do encontro demorado com um terreno baldio no alto do varejão, lisboa.
no contexto de uma demora pedras20 – c.e.m
tempo
em
ruína
Onde a dança aparece.
Corpo orgânico, mineral, dejeto. Esquecido em um lugar onde descobre novas formas de continuar vivo, ser vivo.
Empurra todos os apoios, pela fragilidade e pela força.
Não se trata de polarização. Fragilidade e força caminham lado-a-lado.
Corpo-dança que navega por qualidades diferentes de movimento, porque junto ao áspero e rígido toque do concreto, encontra fluxos ondulantes e suaves do vento que sopra.
Braços e pernas brotam do tronco, na escuta do que pode ser erva.
Corpo que se inspira. Tem algo de animal porque o é.
Entra no espaço. Um convite para encontrar o chão.
Ser galho, pedra, galho, pedra.
Uma parede que talvez chame uma vertical e também uma trepadeira..
Caber, mudar, crescer, descansar.
Veeeennnnntttttttooooooooo…
Espaço para uma dança, e aí um bicho enrola e encontra seu esconderijo.
dejeto
corpos-baldios são partículas de criação em dança que perguntam sobre os estados de corpo que tecem a existência de terrenos baldios em ambientes urbanos.
Por entre as brechas dos entulhos urbanos, germinam corpos-baldios.

Os baldios são territórios que se encontram em algum lugar entre gestos de abandono e de segurança da propriedade privada. O homem-cidade dá às costas, as ervas-daninhas habitam. Protegidos por muros, também podem ser depósitos de lixo. Encruzilhadas de tempos e ritmos urbanos.
Onde a erva cresce, o pé chega com menos assertividade. O abandono do homem dá lugar a proliferação de uma vida espontânea e regenerativa.

O que o encontro sensível com um terreno baldio provoca? Em um mundo orientado pela utilidade e produtividade, o que o desuso de um terreno-corpo à toa convida à subjetividade urbana? “A vida não é útil…”,sopra Ailton Krenak.

O corpo-baldio experimenta o lugar do dejeto, da germinação, da verticalidade, do desmoronamento, da ruína e do nascer do tempo,. O corpo que é descartado é aquele que não tem lugar. Ser descarte e ser potência. Resistência e poesia. Corpo desviante.
performances de improviso alimentadas pelas perspectivas do corpo-acontecimento
e do movimento somático.
imagens de mariana viana
edição de guilherme allain
imagens de ugo palermo
edição de guilherme allain